segunda-feira, 27 de junho de 2011

Só o Mackenzie não é open bar de jogos

Aqui vai uma mensagem à AAA Comunicação Mackenzie, às atletas do time feminino do Handebol Tubarão e aos interessados. Deixo claro que este texto, particularmente, não se trata de um apelo, um pedido, uma crítica construtiva e muito menos uma tentativa de mudar uma situação atualmente disfuncional. Trata-se apenas de um desabafo.


Jogar faz parte. Aprender a perder, aprender a vencer é uma arte. O que não se ensina e muito menos se aprende é como perder a oportunidade de jogar. É só quando nos é tirado o direito de competir que entendemos o quão real faz-se o clichê “o importante é competir”. Muito mais real do que se imagina.

Claramente a vontade necessária para agüentar por livre e espontânea vontade meses e meses e meses de treinos incessantes e esgotantes vem de um ideal, de um objetivo, de uma vontade comum de um time inteiro. Essa meta, vigorosa invariavelmente em cada momento, em cada defesa, em cada arremesso, em cada passo, não deixa de ser a vitória.

No entanto, não vale de nada a vitória se ela nos é dada gratuitamente, e é por isso que competir é o mais importante, é a parte mais passional. A busca por essa vitória acontece desde as reuniões compenetradas nos vestiários, passando pelos treinos efusivos em quadra, até o momento em que o time se reúne para tomar no bar a cerveja descontraída. A reta final desse caminho é o que foi sacralizado e abstraído em todo esse tempo, é aquilo para que se lutou, é a partida. É o jogo.

Mais doloroso do que perdê-lo é vê-lo passar à frente de seus olhos sem que você esteja lá. É sentir cada batucada da torcida como um baque no coração por não estar jogando. É lamentar não estar sendo xingado pela torcida adversária. É perceber que não apenas a vitória poderia ter sido sua, mas a partida, o jogo.

Por fim, quero deixar aqui registrado em poucas – talvez insignificantes – palavras uma pequena parcela da dor que sentiu um time que passou por tudo isso, que buscou tudo isso e teve tudo isso tirado de suas mãos. Um time que nem com choro, gritos e apelos teve tudo isso de volta – e nem terá.

Meus sentimentos pelos meus amigos, melhor, minha família, que não pode mostrar em quadra o resultado de um trabalho inexplicavelmente cansativo e duradouro, que não pode erguer um troféu, e mais importante, não pode sentir a vibração de estar em quadra representando tudo o que foi mantido como fundamental para o nosso time.

Meus sentimentos também aos envolvidos e responsáveis por isso, que acredito não terem feito de propósito, mas por displicência – e atrevo-me a dizer incompetência. Vocês não tiraram uma medalha das mãos de algumas meninas, mas tiraram um sonho da mão de uma equipe apaixonada.

2 comentários:

  1. Imagino o que vc sente, Lana. Tenho uma relação forte com o esporte e, de fato, não há nada pior do que não poder jogar, não poder disputar, não poder competir. A graça do esporte é justamente essa: competir, usando todas as armas permitidas (técnica, tática, fundamentos...), para atingir o objetivo final.
    Espero, de coração, que se tomem as devidas providências para que isso não volte a ocorrer. E que haja uma retratação pública dos responsáveis. É o mínimo.
    Ps.: vc continua sendo uma BAITA jogadora de hand, apesar de nunca ter lhe visto em ação! Sei que isso não consola nada, mas é uma observação importante. Hehehe...

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  2. "nenhum pedido de desculpas no MUNDO, formal, informal, na propaganda da novela das oito, no fb da atlética, no twitter, em lugar NENHUM... NADA, mas ABSOLUTAMENTE NADA NESSE MUNDO consegue chegar PERTO de compensar um ano inteiro de esforço, de dedicaçao, cada gota de suor, cada risada e cada SONHO que tivemos.

    e, no caso, presidente nenhum de atlética teve coragem de fazer pedido formal NA CARA, DE FRENTE.

    errar todo mundo erra... dar a cara para bater é para poucos. deu p ver quem tem coragem por aí."

    (palavras de Adriana Leme)

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