segunda-feira, 16 de maio de 2011

Um pode ser mais que cem

Mutantes, a banda mais superestimada da história
http://blogs.estadao.com.br/combate_rock/mutantes-a-banda-mais-superestimada-da-historia/#comment-3059

Uma réplica ao artigo de Marcelo Moreira:

Opinião é difícil de manter mesmo, principalmente quando vai contra a da maioria. O que é mais difícil ainda é tê-la sem conseguir prover bons argumentos que a justifiquem – e querer divulgá-la num veículo com a repercussão que o Estadão tem.
E a polêmica é boa, há alguns comentários bons e pertinentes, mas a “desqualificação”, Marcelo, começou em sua coluna, quando você mesmo disse que os músicos da banda eram medíocres, desinteressantes e superestimados.
A máxima "Um é pouco, mas é mais que zero" nem começa a justificar a fama e o reconhecimento que os Mutantes têm.

Como você escreveu, o momento em que os Mutantes surgiram foi extremamente delicado histórica e culturalmente falando, e a música deles abriu um número incontável de portas em âmbitos que até hoje ninguém imagina (não só os Mutantes, mas também o Caetano, o Gil, o Tom Zé e os outros que fizeram parte da Tropicália).

Vir falar que os festivais eram ‘concursinhos de cartas marcadas’ é algo de alguém que nunca parou pra pensar na importância que teve Caetano Veloso cantando “É proibido proibir” repetidas vezes no TUCA em plena ditadura militar.

E “INTRAGÁVEL Tropicália”? Isso é ignorar – pior, desrespeitar – uma das melhores coisas que a nossa cultura tem, junto com a bossa nova, a própria MPB (termo que surgiu nessa época dos festivais) e etc. Você, como um reconhecedor e avaliador “dos bons”, como você mesmo disse, da cultura e da intelectualidade, não podia levar isso em conta?

Falar que não havia interesse pela volta da banda e que a Zélia Duncan se juntar a eles no lugar da Rita foi um mico foi além – de fato, Marcelo, o interesse era tão pouco e o mico era tão grande que os caras lotaram o show que fizeram em Londres, lotaram o show no Museu do Ipiranga e todas as outras poucas apresentações que fizeram (como você mesmo conta).
“No entanto, nunca passaram de uma banda de rock medíocre, com músicos e compositores no máximo medianos.
Nunca foram referência nem mesmo para a geração do rock brasileiro dos ano 80.”

Pelo amor de deus, divulgar seu gosto pessoal como sendo verdade pura e absoluta é coisa séria, mesmo em se tratando de questão cultural e originalmente sem grande importância política – ainda mais num veículo como o Estadão... Depois dessa frase, recomendo seriamente um tempo internado numa escola de música, numa biblioteca com algumas referências à história da cultura brasileira ou mesmo num manicômio.

E falando em manicômio, Arnaldo Baptista é louco, de fato. Mas se o louco é aquele que não é o normal (como ele próprio diz na “Balada do Louco”), é porque ele – assim como o resto dos Mutantes – está/estava muito à frente da sociedade, como sustentam alguns críticos e “avaliadores da cultura e da intelectualidade” – os bons, ao menos.

E Rita Lee defenestrada? Parabéns, depois de décadas sem ninguém no país saber exatamente o que aconteceu, você, o melhor dos avaliadores da intelectualidade de todos os tempos adivinhou e decidiu que ela foi “defenestrada” porque “era boa demais para o resto da banda”. Faz-me rir...

Você assistiu ao filme Loki, de Paulo Fontenelle, Marcelo? Aquela carga cultural toda da banda, essa bagagem que ela deixou para músicos aqui no Brasil e no resto do mundo ao longo dos anos e até hoje foi meramente por acaso? Foi sorte e não teve nada a ver com talento, criatividade, vanguarda?

“E gosto é gosto. Duvidoso por duvidoso, o seu é muito mais”.

Com base em que isso, Sr. Moreira? Por que o dos outros é mais duvidoso? Porque o sr. teve espaço no site do Estadão pra disseminar sua opinião pessoal mascarada de verdade?

E quanta generalização! Qual a relação de Mutantes com Cláudia Leitte, Nx Zero e mesmo o Marcelo Camelo? Típica falta de argumento. Chega uma hora em que é preciso apelar.

2 comentários:

  1. O álcool produz efeitos danosos à lucidez das pessoas, quanto mais a pseudo-críticos.
    Parabéns pela lucidez e clareza Lana.

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